You are currently browsing the daily archive for Domingo, 26 Julho, 2009.
Situada na face Noroeste da Serra da Estrela, Linhares da Beira foi colonizada pelos romanos que aqui deixaram alguns vestígios, sendo exemplo disso a estrada romana – ainda visível na calçada – que ligava Emerita Augusta (actual Mérida, Espanha) a Braccara Augusta (Braga), assim como os marcos milionários existentes na margem direita do rio Mondego.
LINHARES DA BEIRA – Não existem registos históricos que indiquem quando e quem fundou esta vila, cujo nome primitivo terá sido Lenio ou Leniobriga. Invadida por visigodos e muçulmanos, Linhares passou a ser definitivamente portuguesa com a conquista de D. Afonso Henriques. O primeiro rei de Portugal concedeu-lhe foral em 1169, o qual foi renovado por D. Manuel em 1510.
No entanto, a paz não durou muito tempo e o período de instabilidade prosseguiu no reinado de D. Sancho II. As tropas de Leão e Castela cercaram a região para se apoderarem do Castelo de Celourico da Beira. Linhares «correu» em auxílio de Celourico e, juntas, derrubaram o inimigo. Conta a tradição que este combate terá sido travado ainda de noite e ter-se-á comportado a lua como o mais poderoso aliado dos defensores da praça. Por esta razão, a bandeira de Linhares exibe uma crescente e cinco estrelas.
Ao vaguear pela povoação, irá deparar-se com uma aldeia em que impera uma nobreza de raro encanto. As habitações possuem características que rapidamente nos chamam a atenção: fachadas de granito, lápides com as datas referentes à sua construção, brasões e janelas do século XVI em estilo manuelino. O conjunto da aldeia é «coroado» pelo castelo, que se situa a 800m de altitude, reconstruído no século XIII por D. Dinis. Baluarte de defesa na época da reconquista e das guerras com Castela, o castelo ostenta uma forte torre de menagem com balcões abertos no último piso. Da torre partem duas muralhas formando um rectângulo, onde se supõe ter funcionado a primeira povoação.
A Igreja Matriz, reconstruída no século XVII, guarda no seu interior três valiosas tábuas atribuídas ao mestre Grão Vasco. Numa praça de Linhares ergue-se outra preciosidade histórica, falamos de um rústica tribuna – ruína de um fórum medieval – elevada sobre um banco em redor de uma mesa, onde eram tomadas decisões comunitárias e se realizavam os julgamentos.
No séculos XVIII e XIX, o aparecimento de diversos solares atesta a prosperidade económica que nesta época desenvolveu Linhares da Beira, referência para a casa Corte Real e a casa dos Pinas.
Por fim, para rechear de sabor a sua visita, nada como deixar-se levar pelas especialidades gastronómicas da região. Aqui, o destaque vai para a sopa de grão, o cabrito assado, bucho recheado, enchidos, arroz doce com queijo de ovelha e cavacas.
«Terras entre Côa e Raia», opinião de José Morgado
morgadio46@gmail.com
Comentários recentes