Faleceu hoje, 17 de Abril de 2009, Joaquim Monteiro da Silva, o «Silva do Ima», pai de Agostinho da Silva, presidente da Junta de Freguesia de São Pedro do Jarmelo.
Joaquim Monteiro da Silva, o «Silva da Ima», nasceu em 10 de Agosto de 1923 e faleceu esta sexta-feira, 17 de Abril, na sua aldeia natal.
A triste notícia chegou-nos pela voz do filho Agostinho que, de forma emocionada, pouco mais conseguiu dizer estando, ainda, por marcar a hora do funeral na freguesia do Jarmelo.
Foi por altura das vindimas que o Agostinho me levou ao encontro de seu pai, o senhor Joaquim da Silva. Acompanhado da esposa andava a tratar dos campos de milho na Ima do Jarmelo. Tinha sido o epílogo perfeito para uma longa jornada que teve por mote a vaca jarmelista pois nada melhor do que ouvir o maior especialista, uma verdadeira enciclopédia humana, relembrar algumas das muitas estórias sobre uma raça única no Mundo.
Em sua memória aqui vos deixamos umas palavras na primeira pessoa de Joaquim da Silva extraídas do livro «Vaca Jarmelista nas memórias do Silva da Ima»:
«Eu comecei a lavrar com 14 anos… foi no Cavaleiro a estravessar com a vaca Marreca que era boa de leite… Depois mais tarde, comecei eu a comprar vacas, comprei uma dos Alecrins… e trabalhava com outra vaca que cá foi criada… Essa vaca dos Alecrins, comprei-a cara… vendeu-a o Zeca, uma por três contos e oitocentos e eu comprei a tal por seis… foi a melhor vaca que tive!… As vacas aprendiam desde que a gente não as tratasse mal… as vacas andavam ao rego ou saíam quando a gente queria… as vacas tinham nome… a gente dizia – dá p’ra trás Formosa!… Cá Galante! e tocava com a aguilhada na que queria que saísse do rego… ou para virar mais p’rá direita ou mais p’rá esquerda… A vaca jarmelista além de ter a cabeça larga… tinha marrafa grande, que lhe chegava aos olhos… as vacas com o jugo não cortavam a marrafa… Os pastos… as pastagens tinham influência na produção de leite e na qualidade… dizia assim a minha avó p’ró meu avô. – Ó Manel, hoje as vacas andaram no lameiro dos Feixeiros… Atão como é que tu sabes? – Porque o queijo é muito melhor… a coalhada é mais macia quando estou a fazer o queijo…»
Faleceu Joaquim Monteiro da Silva, o Silva da Ima. A cultura beirã e a causa jarmelista ficaram mais pobres.
O funeral está marcado para 16 horas deste sábado, 18 de Abril, na freguesia do Jarmelo.
Para o nosso amigo Agostinho da Silva e restante família um abraço raiano de grande solidariedade.
jcl
5 comentários
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Sábado, 18 Abril, 2009 às 11:40
Natália Bispo
Apesar de não conhecer pessoalmente Agostinho da Silva, tenho apreciado as suas intervenções sempre em favor da sua terra e dos seus ideais.
Neste momento de dor, resta-me deixar-lhe uma mensagem de coragem, e tendo sempre presente que o Pai deixou a sua presença vincada, na cultura beirã e na causa jarmelista, como nos diz Jcl.
Esta sua passagem pelo Mundo não foi em vão, é daquelas pessoas que deixam marcas e que são o orgulho da família e da sua terra natal.
Sr. Joaquim Monteiro da Silva, descanse em paz!
Natália Bispo
Domingo, 19 Abril, 2009 às 21:33
ag da silva
A todos, agradecemos o apoio que nos deram.
O “Silva da Ima” foi hoje ( o amigo JCL, percebeu que foi Sábado, mas foi Domingo) a sepultar.
Deixou-nos com grande lucidez, a tal que perturba os que presentem os acontecimentos.
Passou os últimos dias a falar com os amigos e a dizer-lhes as últimas coisas.
Quantas horas faltavam para a revisão do tractor, quando é que se tratavam as abelhas, a renda da lameira ou da regada, isto e aquilo.
Depois de 3 episódios de quebras de tensão, em 12 horas… visitas ao hospital… depois da primeira, disse-me, logo vi que me mandavam pra casa pra morrer.
Não foi da primeira, mas acabou por acontecer.
depois da última saída do hospital (3) em 12 horas, teve direito a um dia completo para voltar a falar das coisas que naquele momento eram importantes. O “Silva da Ima”, era um “gracejador” e ainda disse, não tarda muito e estou a lavrar novamente no “Lameirinho” (terreno, onde 4ª Feira deu os últimos 10 regos com a charrua do “Massey Fergusson 135” )Depois destes últimos dez regos, ainda foi com a nossa mãe semear “gravanços”; aí deu-se o primeiro episódio de quebra de tensão e convulsões. A nossa Mãe (que é CORAGEM) assistiu-o com recurso a algumas dicas que lhe fomos ensinando, e todo o resto de força interior, não havendo por que pedir socorro, teve que o deixar, já consciente, mas deitado, para ir telefonar por apoio e trazer um cobertor.
O “Silva da Ima” andava a sismar com a morte dos pais (dele) que se dera há cerca de 40 e 30 anos respectivamente pai e mãe, ambos no mês de Abril, próximo da páscoa… estas coisas vão marcando e às vezes fazem lei.
Para ele, guardou um dia que não sendo de páscoa, era ainda nos 8 dias após.
O “Silva da Ima” guardou para ele, que o funeral pudesse ser num Sàbado, ou Domingo. Acho que o que o traria perturbado, podia ser o facto de o filho mais velho ser camionista e não poder estar (até isso acertou, estva sem carga e perto do aeroporto de Milão na Itália). Não tivemos que faltar aos empregos para tratar de tudo.
O “Silva da Ima”, acho eu que era vaidoso, pena que não tivesse visto o mar de gente que o acompanhou, o “Silva da Ima” não queria flores nem choros. Dizia em tom de brincadeira: o que me custa mais, Isablinha (nossa mãe) é deixar-te viúva.
ADEUS PAI!!, conta connosco MÃE!!!
Segunda-feira, 20 Abril, 2009 às 17:32
joao valente
Abraço irmão, que vai aqui de Riba-Côa!
Terça-feira, 21 Abril, 2009 às 0:34
fernando lopes
Amorim, um abraço simplesmente silencioso… As palavras nem sempre fazem sentido! E eu sei que tu sabes ouvir o silêncio!
Abraço.
fernando lopes
Terça-feira, 21 Abril, 2009 às 21:05
ag da silva
Obrigado.