Alguém escreveu que «as serranias de São Cornélio, da Serra da OPA, da Quarta-feira, de Pena Lobo, das Fráguas e da Bendada, constituem marcos notórios na transposição da paisagem de planalto para a depressão da Cova da Beira. Estes cabeços, altos, fortes e austeros, decorados por inúmeras fráguas e barrocos, que apesar do aspecto solene e ermo, provocam uma admirável comoção e deslumbramento, para quem os aviste do alto das muralhas de Sortelha».
A região de Quarta-feira, pelos seus relevos e vegetação verdejante, foi mesmo chamada na tradição literária como «A Sintra da Beira Interior».
Sem querer fazer história, relembro que o povoado de Quarta-feira, terra de artistas, em contraste com Sortelha de que é anexa, terra de turistas, não possui actualmente mais de 50 fogos.
Só conheci Quarta-feira, nos anos oitenta, quando a ela me desloquei, para visitar o meu velho amigo Zé da Costa, antigo colega no Externato do Sabugal, figura incontornável na terra, exímio «Mestre Escola» e que na altura acumulava o ensino primário, com actividades frutícolas e de apicultura.
Nas suas propriedades abundavam muitos pessegueiros (em Porto Covo só havia um).
A convite do vereador António Robalo, tive a oportunidade de, passados 30 anos, conviver novamente com a paisagem luxuriante de Quarta-feira e com o meu amigo Zé da Costa e sua gente no dia 22 do corrente mês no evento «O Pão da Nossa Aldeia» e «Apresentação da Fama do Entrudo», organizado pelo Grupo de Teatro «Guardiães da Lua».
De nome e algumas actuações, já ouvira falar deste Grupo de Teatro.Sei que concorreu ao Concurso Distrital «O Encontrão» organizado pela Fundação INATEL, ficando em segundo lugar constituído por 12 elementos, dos quais cinco com idades compreendidas entre os nove e os onze anos.
Na apresentação da Fama do Entrudo actuaram unicamente quatro elementos, sendo de realçar o encenador e autor dos textos João Abrantes, que não sendo nenhum Lorde Byron, soube imitar a veia satírica do nosso Gil Vicente «ridendo castigat mores-ou seja rir castiga os costumes», da terra, de Sortelha, de alguns vereadores presentes, dos professores, engenheiros e funcionários camarários, arrancando fortes aplausos e gargalhadas da numerosa assistência
Continuem que vão no bom caminho.
«Terras entre Côa e Raia», opinião de José Morgado
morgadio46@gmail.com
5 comentários
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Domingo, 1 Março, 2009 às 11:39
João Duarte
Segundo soube na leitura da “Fama” criticaram os professores porque
” fazem greve quando até ganham tão grandes salários”.
Ora, eu queria dizer que estou farto desta conversa da treta.
Os professores não fizeram greve por causa dos salários.
Os professores fizeram e farão greve sempre que estiverem a ser desrespeitados por um Governo, nomeadamente quando este lhes retirou toda a autoridade e a transferiu para os pais, e são eles que mandam, actualmente , nas escolas. O professor está, constantemente, a ser desautorizado pelos pais, diante de todos. Sei do que falo. O professor é um pau-mandado nas mãos dos pais. São eles que dizem o que o professor pode ou não fazer. Enquanto isto durar, os professores estão , claro, descontentes com este Governo e fazem greves.
Por isso, quando alguém criticar os professores que saiba porque o faz. Não acho que não devam ser criticados, como todos os outros, mas isto está a ultrapassar todos os limites.
Não me interessa que fosse Carnaval, porque eu levei a mal. E se tinha imensa consideração pelo grupo de teatro Guardiões da Lua, deixei de ter a partir de agora.
E , já agora, amigo Morgado, eu fui tropa, no serviço obrigatório. Gostaria que , quando estava a comandar tropas, todos lhe desobedecessem e ninguém fizesse nada do que o senhor mandava?
É isso que se passa nas escolas. Toda a gente faz o que quer, menos o professor.
O Zé da Costa, que também conheço, é de outros tempos, em que o professor tinha autoridade. Se ele voltasse à escola (está reformado) nem acreditaria no que se passa agora. Já para não falar na sua professora Maria Soares ou no meu professor Abadesso. Isto é uma pouca-vergonha. Tudo culpa do Governo.
Terça-feira, 3 Março, 2009 às 1:45
Zé Morgado
No texto onde se lê«João Abrantes » deve ler-se «João Paulo Reis». Aos visados peço imensa desculpa pelo engano.
Zé Morgado
Quarta-feira, 4 Março, 2009 às 0:27
leitaobatista
No nosso concelho, um coelho comprado no mercado de Quinta-feira no Sabugal, pode ser comido na Quarta-feira, na mesma semana!
Quarta-feira, 4 Março, 2009 às 12:57
Fernanda Esteves
É pena a fotografia do artigo não ter nada a ver com a Quarta Feira, pois certamente há nesta anexa locais de beleza e interesse que aqui se enquadrariam mais, e que realçariam realmente a localidade.
A foto é das Águas Radium, ou como o povo lhe chama vulgarmente a “Serra da Pena”.
Quarta-feira, 4 Março, 2009 às 18:45
Horácio Pereira
Grande Morgado.. é assim mesmo !
Nada com dar a conhecer todos os recantos da nossa terra, continue as suas crónicas para que muitos saibam que também temos locais encantadores e de grande valor .
Um abraço – Horácio