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Faleceu há dias, a 20 de Fevereiro, o poeta Fernando Pinto Ribeiro, nascido na Guarda, e durante alguns anos muito ligado ao Sabugal, através da Casa do Concelho em Lisboa.
O Fernando, nascido em 1928 na fria cidade da Guarda, foi um homem simples. Ganhava a vida enquanto revisor de textos, trabalhando para diversos jornais e editoras nacionais. Publicamos aqui uma nota biográfica escrita pelo próprio aquando da organização do Congresso do VII Centenário do Foral do Sabugal, em 1996, na qual colaborou activamente ao ser responsável pela exposição bibliográfica que ali teve lugar.
«Poeta. Na produção inicial, foi revelado, pelo então novel actor Carlos Avilez, que, num recital radiofónico inteiramente dedicado à sua poesia, «encenou» os seus poemas com «música de fundo» e os declamou.
Tem produção dispersa por jornais do País e das comunidades de língua portuguesa, em revistas e em antologias.
Ligado à obra de sabugalenses ilustres – do escritor Pinharanda Gomes (que o incluiu na antologia O Corpo da Pátria) e do pintor J. Leitão Baptista (que o retratou e interpretou ou ilustrou alguns dos seus poemas).
Também ligado a edições discográficas (veros cantados por muitos artistas populares). Foi organizador, entre 1968 e 1983, das tradicionais «pastinhas» da Queimas das Fitas de Coimbra (colectâneas anuais de poemas inéditos dos poetas mais representativos).
Director da revista de artes e letras Contravento. Cooperador da Sociedade Portuguesa de Autores, membro da Associação Portuguesa de Escritores e membro da comissão organizadora do congresso do VII Centenário do Foral do Sabugal.»
Em sua memória aqui deixamos um poema de sua autoria, há uns anos publicado no jornal «Sabugal», órgão informativo da Casa do Concelho do Sabugal:
AS MENINAS DOS MEUS OLHOS
As meninas dos meus olhos
nunca mais tive mão nelas
Fugiram para os teus olhos
por favor deixa-me vê-las
As meninas dos meus olhos
se vão perder-se não sei
Deixa-me ver se os teus olhos
as tratam e guardam bem
As meninas dos meus olhos
num castigo que é perdão
prende-as por mim nos teus olhos
quero vê-las na prisão.
As meninas dos meus olhos
julgo vê-las espreitar
às janelas dos teus olhos
abertas no meu olhar
As meninas dos meus olhos
para poder encontrá-las
pedem por mim aos teus olhos
que falem quando te calas
As meninas dos meus olhos
já não vejo onde estão?
Deixa-me ver nos teus olhos
se as guardas no coração.
Em 27 de Março de 2008 o Capeia Arraiana esteve À Fala Com… Fernando Pinto Ribeiro. Recorde a conversa aqui.
plb
A Rádio Caria transmite em 102.5 Mhz para o concelho de Belmonte e arredores e para todo o Mundo através da Internet com a emissão Rádio Caria on-line. A Rádio Caria foi um dos media partners do almoço, no Sabugal, da Confraria do Bucho Raiano que decorreu como manda a tradição no domingo gordo.
No sábado anterior, entre o meio-dia e a uma da tarde, os confrades da Confraria do Bucho Raiano estiveram a convite do jornalista Sérgio Paulo Gomes no programa «Hora Informativa» da Rádio Caria. Durante uma hora estiveram em destaque, na antena da Rádio, a Confraria do Bucho Raiano e os Roteiros Gastronómicos organizados pela Câmara Municipal do Sabugal. Aqui vos deixamos o som de mais uma promoção além-Sabugal das tradições e das referências das terras e das gentes sabugalenses.
Parte 1
Parte 2
A Confraria do Bucho Raiano aproveita para agradecer a promoção ao evento patrocinada pela Rádio Caria e a presença no Sabugal do repórter Sérgio Paulo Gomes.
jcl
Alimentos biológicos à moda antiga, sem perdas de tempo e dinheiro com entidades certificadoras.
Os PCBs, parentes próximos das dioxinas, não têm na Europa uma lei eficaz que os controle. Para estas substâncias nocivas ao homem, não existe qualquer garantia de que não venham parar ao nosso prato. As análises aos alimentos mais susceptíveis revelam um risco real. Este composto químico dá origem a diversos derivados de elevada toxicidade e persistência ambiental. Acumula-se em bola de neve ao longo da cadeia trófica até níveis muito elevados nos mamíferos. A exposição crónica a baixas concentrações pode causar danos no fígado, disfunções reprodutivas, debilitação do sistema imunitário, desordens endócrinas e neurológicas e desenvolvimento infantil e intelectual retardado.
Este é apenas um entre milhões de elementos nocivos à saúde, resultantes desta era de frenesim predatório, em que a identificação e resolução dos problemas de saúde pública é quase sempre reactiva e não preventiva. A velocidade na criação de novos estratagemas de obtenção de mais-valias é directamente proporcional ao nível de ansiedade com que a sociedade devora, numa vã tentativa de apaziguamento. Frequentemente ficamos mais pobres proporcionando mais-valias a alguns importadores de bugigangas.
A troca directa de alimentos entre pequenos produtores apostados em obter de modo sustentável alimentos de qualidade será a breve trecho uma saudável inevitabilidade no mundo rural, uma ajuda complementar ao orçamento familiar, e um modo de vida que o actual modelo de desenvolvimento único faz renascer das cinzas.
Comer bem, evitando a ingestão de alimentos que por contaminação cruzada, chegam hoje de forma insuspeita aos nossos pratos, está ao nosso alcance. Os mais sensibilizados por esta questão, que possuam a abertura de espírito mais própria do mundo urbano e o conhecimento da terra do mundo rural, darão o impulso inicial. A associação voluntária de agentes de troca agregados por um ideal dará a força que por vezes a razão não tem.
Sendo já uma realidade nalgumas comunidades, onde as excentricidades iniciais de sonhadores cosmopolitas deram origem a estruturas funcionais e adaptadas às especificidades locais.
Ninguém espera revolucionar as estruturas existentes de produção e comercialização em massa de produtos alimentares. Aquilo que esses pequenos grupos procuram fazer, é transformar o seu próprio mundo a partir deles próprios, impulsionados não tanto pelos instintos do corpo mas por sentimentos da alma. Mas talvez por isso mesmo, sejam eles até mais letais para a matriz de desenvolvimento instalada do que poderíamos imaginar, porque aqueles que realmente podem mudar o mundo não são os que pretendem mudar os outros com discursos emprestados, são os que tendo criado o seu próprio paradigma, o podem por isso mesmo oferecer, sem oratórias evangelizadoras. Quem não possuí, também não pode dar.
O cultivo de espécies vegetais desde sempre utilizadas na agricultura de subsistência, hoje nalguns casos extintas ou em vias de o ser, tem uma enorme importância. A diversidade genética destas variedades é hoje amplamente reconhecida pela ciência como contendo mais elementos de adaptação às anormais instabilidades e flutuações climatéricas. O que também que dizer que as espécies geneticamente manipuladas são as primeiras a tombar, fruto da sua artificialidade genética e fraco poder de adaptação, elas têm de ser permanentemente reinventadas a partir da riqueza de espécies nativas que as grandes companhias de O.G.Ms (Organismos Geneticamente Modificados) ciosamente guardam em banco de dados, para tirar proveito da dependência que vão criando. Tanta energia e tempo gastos, quando podemos utilizar plantas e animais que embora possam produzir pontualmente menos quantidade, tem ainda assim a vantagem do sabor e da garantia de durabilidade ao longo de gerações.
Recorrer sem preconceito a sinergias resultantes da ligação do novo com o velho. Dos novos conhecimentos sobre produção biológica, com saberes antigos orquestrados pela própria terra. Partilhar tais saberes, fomentando a preservação e utilização dos verdadeiros produtos agrícolas desta terra, numa base científica, culminando com a criação de uma bolsa de produtos num site, seria certamente um projecto aliciante num mundo cada vez mais massificado pela corrida ao argumento económico.
«Caminho sem Percurso», opinião de António Moura
mouramel@sapo.pt
O Museu do Sabugal exibe até ao dia 29 de Março a exposição «Sabores da Nossa Terra», dedicada às tradições alimentares do concelho do Sabugal.
A mostra decorre na sala de exposições temporárias do Museu do Sabugal, e está dividida por secções, representando os aspectos etnográficos ligados a cada um dos sabores antigos. Demonstra-se ali, com recurso aos objectos de antigamente, como era confeccionado o pão no forno comunitário da aldeia, como se produzia o azeite nos lagares das terras sulistas do concelho, como se praticava a arte cinegética, como se fazia a matança do porco, se produziam os enchidos e o mel, com se recolhia a castanha, os cogumelos e como se produzia o vinho.
Para que a mostra fosse possível recorreu-se a particulares, que cederam muitas das peças expostas, assim como ao museu de Vilar Maior e também ao espólio do futuro museu do Soito, e ainda à Junta de Freguesia de Sortelha.
A exposição, muito bem concebida e apresentada, tem deliciado quem a visita, sendo claramente uma iniciativa de sucesso.
A mostra foi mesmo usada como cenário para a presentação da iniciativa municipal designada de «Roteiros Gastronómicos», que aconteceu no concelho do Sabugal nos dias do Entrudo.
plb
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