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Adiós Camacho! Ao fim de seis meses, Jose Antonio Camacho, demitiu-se de treinador do Benfica após o empate (2-2) no Estádio da Luz com o União de Leiria em jogo a contar para 22.ª jornada da Bwin Liga.
São neste momento 21.30 horas e o Capeia Arraiana confirma a demissão do treinador do Benfica, o espanhol Jose Antonio Camacho após o empate caseiro (2-2) com o União de Leiria, último classificado no principal campeonato português de futebol.
O anúncio do abandono do barco aconteceu durante a conferência de Imprensa que decorreu mais de uma hora depois do final do encontro com Camacho a afirmar que «não consegue fazer mais com a equipa porque a motivação que encontra nos jogadores não é normal.
O presidente encarnado Luís Filipe Vieira já confirmou a demissão e adiantou que o até aqui treinador-adjunto, Fernando Chalana, irá orientar a equipa no jogo da próxima quarta-feira, em Espanha, frente ao Gatefe.
Na sua última conferência de Imprensa ao serviço do clube encarnado Jose Antonio Camacho confessou que com esta equipa não podia fazer mais e alertou para a falta de motivação dos jogadores do plantel. Estes recados têm como destinatário Luís Filipe Vieira e a sua política (?!?) falhada de contratações e denunciam o apoio (ou falta dele) que o treinador espanhol sentiu no clube da águia. As opiniões podem dividir-se mas os benfiquistas têm, no entanto, uma certeza «dolorosa» que não conseguem explicar: à semelhança de outros se Camacho for treinar o F.C. Porto arrisca-se a ser campeão nacional. Pois…
O plantel que o treinador espanhol não escolheu, a falta de forma e as lesões inexplicáveis de alguns jogadores, são possíveis explicações para o descalabro desta equipa do Benfica aliado a uma decisão que influenciou definitiva e negativamente o futebol benfiquista: a venda de Simão.
jcl
Em algumas localidades do distrito da Guarda mantém-se a tradição quaresmal dos cânticos designados por «Encomendação das Almas» e «Martírios». Na base da preservação destes costumes está a acção do município e de algumas associações locais.
Aldeia do Bispo, Quinta de Gonçalo Martins e Maçaínhas, no concelho da Guarda, foram localidades onde se recriou ontem, 8 de Março, a «Encomendação das Almas». Os Grupos de Cantares «Camponeses de Aldeia do Bispo» e «Ontem, Hoje e Amanhã», deram o mote no cumprimento desta antiga tradição, que recria uma prática popular ligada à época da Quaresma, que se perdeu com o correr dos tempos.
Na base da actividade esteve a acção conjunta do Núcleo de Animação Cultural da Câmara Municipal da Guarda e do Teatro Municipal da Guarda, que puseram mãos á obra, a ela associando aldeias e associações locais.
A «Encomendação das Almas» é uma celebração associada ao culto dos mortos, que em tempos se fazia em todas as aldeias da Beira. Os jovens reuniam-se à meia-noite e entoavam um cantar triste e sentimental, executado por dois grupos. Nalgumas aldeias da raia cantava-se durante a toda a Semana Santa.. Os cânticos repetiam-se de meia em meia hora, seguidos de uma badalada no sino. Os «Martírios», como também eram designados os cânticos, eram ouvidos pelo povo com toda a devoção enquanto orava pelos seus mortos e pela remissão dos pecados.
Os cantares eram uma melopeia ao estilo do canto gregoriano, embora algo distorcido.
plb
Miguel Real, pensador e escritor de evidente versatilidade, surpreende-nos, de uma só vez, com três novos livros: «O último minuto na vida de S.», um episódio romanceado da vida de Snu Abecassis; um ensaio sobre «Agostinho da Silva e a cultura portuguesa»; e, por fim, um outro ensaio, intitulado «A Morte de Portugal» (Campo das Letras, 2007).
(Continuação do domingo anterior).
Em vista dos precedentes, Portugal tem conseguido superar todos os riscos, uma vez que, bem vistos os tempos e os modos, raramente nos foi dado descanso, sobre nós se abatendo a cobiça de estranhos, desde os árabes aos castelhanos, aos franceses, aos ingleses, e, por fim, na partilha do corpo da Pátria, americanos e soviéticos. Hoje podem ser os europeus, que nós também somos, embora arriscando a perda da portugalidade, caso não saibamos velar, vigiar e esclarecer o que valemos no contexto europeu. Aliás, Europa é, hoje em dia, um tratado de união e, como todos os tratados, não contém a potência de perpetuidade. É um fenómeno de conjuntura que pode terminar se, e quando, as maiores potências da «balança europeia» se confrontarem por causas de interesses específicos.
O conhecimento dos mitos, e também dos acontecimentos mitificados, constitui uma útil ajuda ao esclarecimento da nossa história, e da filosofia da História de Portugal.
No processionário da morte, Miguel Real abre com o que designa por «princípio do fim», a segunda morte de D. Sebastião, a perda da autonomia política, e o surgimento de uma independência mítica.
Pelo caminho propõe-nos três luminares, ou entidades também elas de algum modo mitificadas: Viriato, como o nome das nossas origens; António Vieira como apologeta e profeta de Portugal como «nação superior»; e o Marquês de Pombal como o capataz de um «povo inferior».
Atravessamos agora o fim do princípio que nos aparece como uma fase experimental, cifrada em multiplicidade de abordagens e de tentativas de achamento da nossa alma, abordagens essas como exercícios isentos, como que descalços, atravessando as abrasivas areias do deserto, na esperança do oásis.
Miguel Real identifica, quanto aos pensadores pátrios contemporâneos, os espiritualistas, os providencialistas, os racionalistas e os modernistas. Em todas orientações identificamos o comum português ou o modo de olhar a Pátria, continuando divididos entre os optimistas e os pessimistas. Por vezes, confundimos Nação com Estado, quando, na verdade, a Nação pode não se esgotar no Estado e, com efeito, a Pátria, paradigma da Nação, é ente superior, que o Estado não esgota, mesmo quando nesse esgotamento aposte. Como agora!
Eis, pois, um ensaio que, entre pessimismo e optimismo, procura o senso do realismo com ideal. De resto, num estilo muito guloso, diremos até bem típico e, em muitas páginas, irónico e pitoresco, quanto aos modos de dizer. Talvez que a Raia nos separe, afinal de contas, da capital.
«Carta Dominical», opinião de Pinharanda Gomes
pinharandagomes@gmail.com
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