O Colégio foi mandado construir pelo Dr. Francisco Grainha, da Covilhã, antes de 1891, com a ajuda de um benemérito de Castelo Branco, o Sr. Pedro Pina, que lhe disponibilizou cerca de 80 contos de reis, com a grande ajuda e colaboração do povo de Aldeia da Ponte despendendo muito trabalho, doando materiais, como madeira, carretos de pedra, essenciais para a sua construção, acrescido de tudo o que o Colégio necessitou, nada foi regateado pela população, que se prestou com o que pode, para a construção do magnífico edifício.
A Ordem Hospitaleira de S. João de Deus iniciou a sua actividade em Granada, Espanha, em 1538, tendo origem na acção e exemplo de vida do seu fundador, implementando uma nova maneira de tratar e acolher os pobres, os doentes e os necessitados. Em Portugal, tem início pelo ano de 1606, em Montemor-o-Novo, precisamente a terra natal do seu fundador, tendo comemorado em 2006, os seus 400 anos de presença no nosso país. Devido a questões políticas, com algumas perseguições pelo meio, fez com que a Ordem fosse obrigada a algumas interrupções, tanto em Espanha como em Portugal.
O Papa Pio IX pediu então ao Padre Bento Menni para restabelecer a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus na Península Ibérica, iniciando estas funções em Espanha, por altura de 1867, vindo mais tarde para o nosso país, em 1890, começando por tomar conta do Hospício de Santa Marta, em Lisboa.
Passado algum tempo e, devido à boa aceitação que a Ordem Hospitaleira estava a ter em Lisboa, Bento Menni pensou em criar novas fundações, mas os recursos eram diminutos, acrescido do facto de ainda ter poucos Irmãos portugueses.
Numa passagem pela Covilhã, o Reverendo Dr. Francisco Grainha desta localidade, propôs a Bento Menni para se encarregar de uma casa de beneficência, que pretendia criar em Aldeia da Ponte, comprometendo-se, ainda, a entregar-lhe uma importância, em dinheiro, no valor de 40 libras anuais, para as despesas desta casa, que seria doada à Ordem Hospitaleira, para recolher e cuidar de meninos desamparados, órfãos e aleijados pobres.
Em função desta generosa oferta, Bento Menni escreve uma carta ao Sr. Bispo da Guarda, D. Tomás Gomes de Almeida, em Janeiro de 1892, solicitando a sua autorização para instalar uma comunidade desta Ordem Hospitaleira em Aldeia da Ponte.
D. Tomás de Almeida respondeu que apoiava a iniciativa e concedia a sua autorização com muito gosto e de viva voz, não a dando por escrito, atendendo às circunstâncias dos tempos actuais. Alguma contestação já existia, à época, contra as Ordens religiosas e a situação do Reino não era propicia a grandes comprometimentos.
Segue-se um período de troca de correspondência entre Bento Menni e o Dr. Francisco Grainha, cedendo este, a quinta de Aldeia da Ponte à Ordem, pronta a funcionar, faltando apenas a conclusão da Igreja, que já existia, ainda em construção, com o fim exclusivo de ser destinada a obra de benemerência.
Em meados desse mesmo ano de 1892 teve início a actividade dos irmãos de S. João de Deus em Aldeia da Ponte, mas passado pouco tempo, o Colégio sofreu um revés, que foi uma multa de 1 conto de reis aplicada devido ao sub-avaliamento do edifício do Colégio, multa essa que viria a ser perdoada, pagando-se apenas os 10% desse valor, como determinava a lei, a pedido do padre Bento Menni, que para isso se deslocou a Lisboa, apelando aos bons serviços da Rainha D. Amélia, que confiava e reconhecia as boas causas da Ordem de S. João de Deus, no apoio aos pobres e desamparados.
«Ecos da Aldeia», opinião de Esteves Carreirinha
estevescarreirinha@gmail.com
1 comentário
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Sexta-feira, 6 Março, 2009 às 13:27
jjstourais
quê historia que o nosso colegio teêm,
é uma grande pena que um monumento desta dimenção e beleza e com esta idade está numa degradação avançada,
correndo o risco de cair .