Como militante do PPD/PSD que sou, não poderia deixar de comentar as eleições para o líder do meu partido e o congresso que decorreu de 12 a 14 de Outubro de 2007 em Torres Vedras.
Era um adolescente, um imberbe da política, o país ardia politicamente naquilo que ficou conhecido por Verão Quente, rendido ao socialismo de Soares, Cunhal e até Otelo, quando era proibido ser-se de direita; assisti por um acaso a uma entrevista dum indivíduo que mal conhecia e que se chamava Francisco Sá Carneiro: fiquei rendido e deslumbrado, com a coragem e clarividência de ideias e princípios.
Hoje no PPD/PSD, como militante da concelhia do Sabugal, sou santanista convicto e nem tinha necessidade de ler o seu ultimo livro, «Percepções e Realidades», para melhor compreender que Pedro Santana Lopes foi vítima do seu talento, determinação e de uma trama bem urdida, por uma classe política que se instalou no poder vai para 30 anos e que o exerce como sendo um privilégio divino, ou como um direito de casta ou seita.
Na sociedade portuguesa, ainda reina o sistema de castas, onde o poder de forma alternada é sempre exercido pelos mesmos.
No passado mês de Julho fui convidado para ser mandatário da candidatura do Luís Filipe Menezes no Sabugal. Na altura encontrava-me de férias na ilha do Pico, preparava-me para fazer a viagem de barco até à ilha de S. Jorge, quando o convite me foi feito.
Confesso que naquele momento desconhecia os desenvolvimentos deste processo, sendo certo que acreditei de imediato na importância desta candidatura para o meu partido e para Portugal, pelo que aceitei este honroso convite.
No Sabugal, como em todo o País, acreditou-se neste mudança, uma aposta forte para Portugal, com pensamentos e formas de trabalhar distintas de tudo aquilo que estávamos habituados.
Neste momento, estou a ler um verdadeiro tratado de política, da autoria de Dominique de Villepin, com o título «Les Cent – Jours ou l’esprit du sacrifice», que se concentra no regresso de Napoleão da ilha de Elba, do desembarque na costa francesa e da sua caminhada gloriosa até Paris, sem qualquer resistência.
Louis XVIII, aparentemente na sua fuga para o estrangeiro apenas se preocupou com o facto de ter perdido as suas pantufas. Era um rei desacreditado numa França flagelada pela guerra e pela divisão. Como há duzentos anos o autor retrata a tomada do poder pelos fracos, cobardes e arrivistas. As mesmas pessoas que serviram Luis XVIII, disponibilizaram-se para servir o regressado Napoleão, embora cada qual representasse, como se sabe, interesses divergentes nesta França dividida. Ficou célebre a frase de Benjamin Constant : «Servons la cause et servons – nous».
Aparentemente até hoje nada mudou. Estas pessoas sem causas, sem ideias e sem capacidade para as ter, apenas com o interesse egoísta da protecção do seu umbigo mesquinho tudo faz para se perpetuar no poder e lutar por mais um tacho e se possível grande.
Enganou-se Pedro Santana Lopes quando previu que pudesse vir a ser um Congresso só para maiores de 18 anos. É que esta gente cobarde e sem princípios a tudo se submete para defender as sinecuras de que vive e a que se acha com direito vitalício.
Com todo este processo eleitoral ganhámos um líder para o partido e para o País. Acredito que com Luís Filipe Menezes, os portugueses vão ter quem venha dar voz às suas legítimas expectativas e reivindicações, para que não se perca a dignidade e tenhamos orgulho em ser portugueses.
«Páginas Interiores» de José Robalo
joserobaload@gmail.com
4 comentários
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Sábado, 20 Outubro, 2007 às 8:49
Ramiro Matos
Carta Aberta aos responsáveis por este Blogue
Tenho colaborado neste Blogue, e espero continuar a colaborar, no pressuposto único de que o memsmo persegue a defesa dos interesses do Concelho do Sabugal numa perspectiva suprapartidária e de congregação de todos os sabugalenses.
Poe estas razões ainda não me refiz do espanto de ver este texto aqui publicado.
Penso que foi prestado um mau serviço ao Blogue, o mesmo ter sido publicado.
Com que direito se poderá de seguida ter um colaborador que venha defender que o melhor líder para o País é o Socrates, ou o Jerónimo, ou o Portas, ou o Louçã, outro qualquer.
Que importa ao Sabugal as questões internas do PSD ou de qualquer outro Partido?
Há Blogues de características político-partidárias onde os Robalos desta terra podem escrever.
Defendamos o CAPEIA ARRAIANA não o deixando desviar-se dos objectivos primeiros e únicos – contribuir para o desenvolvimento sustentável e sustentado do nosso Concelho.
Ramiro Matos
Terça-feira, 23 Outubro, 2007 às 18:27
jclages
Critérios editoriais
Após um período de reflexão acerca do conteúdo da «Carta Aberta» do nosso ilustre e prezado colaborador convidado, Ramiro Matos, clarificamos o seguinte:
Não é objectivo deste blogue promover, especialmente, a análise e a discussão político-partidária.
Porém, também não impedimos os colaboradores convidados do Capeia Arraiana de exprimirem a sua livre opinião.
Neste sentido, entendemos dever prosseguir o nosso caminho, recebendo as colaborações e os comentários que nos são enviados sem lhes colocar peias, desde que não sejam anónimos, não ofendam a moral comummente aceite e não entrem em picardias pessoais.
E porque…
…estamos a um passo de celebrar o 1.º ano de publicação ininterrupta (o calendário não tem dias vazios de notícias);
…estamos a meio-passo de atingir os 100 mil visitantes;
…nos merecem todo o respeito as mais de 600 visitas diárias que recebemos,
Vamos publicar na segunda-feira, 29 de Outubro, o «Estatuto Editorial do Capeia Arraiana» subjacente aos critérios editoriais dos seus dois criadores e administradores.
José Carlos Lages e Paulo Leitão Batista, administradores do blogue «Capeia Arraiana»
Quinta-feira, 25 Outubro, 2007 às 11:13
José Robalo
Sendo de formação humanista, tolerante e democrata, aceito com naturalidade todas as opiniões, apesar de discordar das mesmas e sempre lutarei para que estas possam ser emitidas. Este é o princípio básico da minha consciência democrática.
Pelos vistos no século XXI, ainda há Torquemadas, censores, índex e monopólios de verdades absolutas, contra as quais por princípio e formação sempre me insurgi.
O velhote que caiu da cadeira, também não gostava dos partidos políticos, nem de falar de política.
A sua opinião sobre o meu artigo não me preocupa e é lisonjeiro que gente do seu calibre fique incomodada com a sua publicação e leitura. Nunca fui um homem de consensos.
No entanto quero-lhe dizer que me magoa que nos Robalos, inclua o meu querido pai que sempre me ensinou a respeitar o próximo e o meu filho que coitado com 8 anos não pode aquilatar do seu desprezo por este apelido. Como utilizou os Robalos no masculino penso que não se quis referir à minha filha de 4 anos, todos do Sabugal. Sempre é mais tolerante do que o outro das câmaras de Auchevitz que não poupava ninguém.
Como sei que pessoas como você não têm tempo para estas coisas, aconselho-o a ler o Almada Negreiros num poema único, que se chama “ A Cena do Ódio”. Se não tiver tempo ainda lhe deixo aqui uma citação:
“Há tanta coisa que fazer, Meu Deus!
E esta gente distraída em guerras!”
Eu tenho muito para fazer.
Quinta-feira, 25 Outubro, 2007 às 11:16
jclages
Em defesa do direito de resposta foi publicado o comentário anterior.
Para nós, Capeia Arraiana, e neste espaço o assunto terminou definitivamente aqui.
José Carlos Lages e Paulo Leitão Batista