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«Desde que tomei posse está tudo a mexer. Os grandes bancos estão a ser investigados. Não há distinção entre ricos e pobres. Ninguém dorme com o sentimento de que é impune», afirma o Procurador-Geral da República no mensário sabugalense «Cinco Quinas».
A última edição do jornal «Cinco Quinas», do Sabugal, destaca uma entrevista a Fernando Pinto Monteiro, Procurador-Geral da República, concedida a Rui Monteiro em Badamalos, freguesia sabugalense onde tem casa e onde vem três vezes por ano retemperar forças.
«Aqui em Badamalos trato do meu jardim. As pessoas conhecem-me e eu conheço-as a todas. Há uma ligação muito forte. Nunca na minha vida distingui entre pessoas ricas ou pobres. Penso que até tenha sido isso que mais pesou para que me convidassem para Procurador», disse o Juiz Conselheiro, acrescentando «orgulho-me de estar tudo a mexer e as pessoas sabem que nem o Procurador-Geral nem os serviços da Procuradoria fazem a distinção entre poderosos e fracos, tudo é investigado e isso é bom porque não há ninguém impune em Portugal».
Fernando Pinto Monteiro, natural de Porto de Ovelha, concelho de Almeida, gosta da Beira e das suas gentes, sentindo-se bem entre a população, que conhece. Falou do tempo da sua infância dividida entre a terra natal e o Sabugal, vila raiana onde os pais se instalaram quando tinha quatro anos de idade.
Questionado sobre a desertificação da Beira Interior e em especial do Sabugal, Pinto Monteiro disse não ter a mania das receitas mágicas mas sempre foi dizendo que a solução pode passar por pequenas indústrias familiares que produzam os bons queijos e os excelentes enchidos da região sabugalense. «E o turismo rural? As pessoas estão a ficar cansadas da praia e começam a procurar o turismo de habitação rural. Tem que se promover este silêncio, esta paz, este ar puro» sugeriu este beirão que apesar de ocupar um dos mais altos cargos do País continua fiel às suas origens.
jcl e plb
O Sabugal e os restantes concelhos da Beira Interior têm pela frente duas batalhas: declarar guerra a Castilla y León ou exigir a imediata regionalização das Beiras Raianas. Pelo nosso concelho assistimos ao esforço conjunto do executivo camarário, da ADES e da Mesa das Juntas em prol das suas populações.
Por um lado temos o Presidente da República a promover roteiros contra a exclusão social e pelo outro os ministros que no cadeirão dourado do Terreiro do Paço, em Lisboa, decidem contra tudo e contra todos pelos fechos de maternidades, hospitais, tribunais, e outros ais aumentando o isolamento e a exclusão de honestos portugueses que envelheceram a trabalhar.
Há dias numa roda de amigos raianos a conversa derivou inevitavelmente sobre a cada vez maior distância entre Portugal e a Espanha. As propostas foram mais que muitas.
«A nossa República é ilegal. Foi implantada em consequência do assassinato do Rei e nunca ninguém nos perguntou se queriamos a República. O segredo dos espanhóis está no Rei Juan Carlos» acusava um monárquico militante. «Isto só tem uma solução» garantia um outro apresentando a receita: «Temos que declarar guerra à Espanha. Mas temos que fazer por perder senão os espanhóis estão desgraçados…» mas foi logo interrompido por um terceiro: «Mudamos os marcos e incluimos o concelho do Sabugal em Espanha» rematou.
«E aquela da Escola Viva. Em Portugal incentivam-se os projectos escolares para energias limpas. A burocracia é imensa e depois com um pouco de sorte atribuem metade do valor orçamentado. O Governo espanhol tem vindo a promover e a aceitar os mesmos projectos vindos do lado português. Junto à fronteira os cursos de espanhol têm cada vez mais alunos pois são vistos como uma janela para um emprego em empresas espanholas.» esclarece um professor resignado. «E as bombas? E as bombas? A GALP fecha deste lado e abre alguns quilómetros à frente do lado de lá. E o IVA?» inflama o primeiro. Risota amarela geral.
E a Regionalização? Perguntamos nós. Temos que voltar a colocar a discussão da Regionalização na agenda política. É a solução. O Sabugal tem aproximadamente a área geográfica da Madeira mas como são diferentes os respectivos orçamentos. Porquê?
O Expresso num trabalho notável sobre os 15 erros capitais da economia portuguesa diz, preto no branco: «o peso das gravuras de Foz Côa» que o tempo mostrou ser uma ilusão e que inviabilizou a construção de uma barragem hidroeléctrica. Portugal tem (tinha) tudo para ser feliz. Um clima fabuloso (à distância de 400 quilómetros é possível ter neve e sol), uma costa oceânica de fazer inveja a muitos países europeus, Lisboa servida por um rio (O Manzanares em Madrid parece, por comparação, um ribeiro), passamos ao lado dos grandes conflitos internacionais e de hipotéticas guerras civis. Notícias de atentados terroristas só aquelas que nos chegam de fora e um povo que na emigração é rotulado de trabalhador e eficiente…
As relações transfronteiriças são cada vez mais importantes e temos que saber aprender com empresas de sucesso espanholas.
O desenvolvimento da nossa região passa, cada vez mais, pelas parcerias e uniões que fizermos com o lado de lá.
Assinale-se o esforço que a ADES e a Mesa das Juntas de Freguesia do concelho do Sabugal em conjunto com a autarquia têm desenvolvido em prol do desenvolvimento e bem-estar de todos os sabugalenses.
Nota final: O jornal «Público» foi condenado pelo Supremo Tribunal por ter divulgado uma notícia verdadeira sobre o Sporting. Mais um «Portugal no seu melhor».
«A Cidades e as Terras» de José Carlos Lages
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